12 de abr. de 2013

Brasil pode criar legislação específica para combater elisão fiscal dos asiáticos

Parece que os esforços da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) no pleito por uma defesa comercial eficiente e que coíba práticas de elisão fiscal finalmente estão tendo resultados práticos junto ao governo federal. O presidente da associação, Milton Cardoso, e o presidente-executivo da entidade, Heitor Klein, estiveram reunidos na última quarta-feira, dia 10, com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira, em Brasília/DF. Participaram do encontro também o presidente da frente parlamentar em Defesa dos Setores Coureiro-Calçadista e Moveleiro deputado federal Renato Molling, o deputado federal Ronaldo Zulke e representantes da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal).

Boas notícias

Do encontro, somente boas notícias. Segundo o presidente-executivo da Abicalçados, o Ministério, através da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), se comprometeu a realizar um estudo de aperfeiçoamento dos mecanismos de defesa comercial com vistas a combater as chamadas circunvenção e triangulação das importações praticadas pelos países asiáticos. “A legislação brasileira de defesa comercial é muito recente e não contempla especificidades de alguns produtos, como o caso do calçado”, explica Klein. Para a Abicalçados, o que determina a origem do calçado não deve ser somente o salto tarifário (quando o produtor da mercadoria final é que determina o certificado de origem, mesmo que utilize todos os componentes importados de outro país). O mecanismo atual, conforme a entidade, acaba por permitir as práticas de elisão fiscal, a chamada circunveção, pois não existe agregação de valor efetiva em simplesmente se colar uma sola no produto. “O que sugerimos é que seja considerada origem do produto o País onde é produzido o componente, seja ele cabedal, sola, entre outros. Isso inibiria a prática de circunvenção e triangulação, quando os produtos vêm desmontados para mera colagem em país não sujeito a sobretaxas ou mesmo no Brasil”, ressalta Klein.

A Secex acatou a solicitação dos calçadistas e agora inicia um estudo para identificar até que ponto a prática tem prejudicado a indústria nacional para tomar as medidas de aperfeiçoamento necessárias. O suporte técnico do estudo será dado pela Abicalçados. “Foi uma grande vitória. A disposição política já existe, agora basta o alinhamento técnico”, comemora o executivo.

Entenda

Desde a adoção da sobretaxa do antidumping contra o calçado chinês, em 2009, foi registrado o aumento das importações de calçados de países vizinhos, que somente montavam os componentes chineses. A importação de calçados de países como Vietnã e Indonésia cresceram, respectivamente, 146% e 100% no ano seguinte à adoção do antidumping contra China. Os registros levantaram a suspeita, comprovada pela Abicalçados, de que os países estavam falsificando certificados de origem para burlar a legislação brasileira, em claras práticas de elisão fiscal. As importações eram, na realidade, de calçados chineses apenas colados nas unidades dos países vizinhos. A prática levou a Abicalçados a solicitar medidas de aperfeiçoamento nos mecanismos de defesa comercial para que seja considerada origem do produto o país onde são produzidos os seus componentes, uma batalha que se estende até os dias de hoje.


“Hermanos” em pauta outra vez

No encontro também foi abordada a questão das exportações para a Argentina. Segundo a Abicalçados, mesmo com o fim das licenças não-automáticas para os produtos brasileiros, os embarques diminuíram substancialmente para aquele País. Segundo Klein, a base de comparação com 2012 é muito fraca. “Se formos pegar o que era exportado em anos anteriores vamos notar uma queda muito grande. Ao mesmo passo que nossas exportações para a Argentina caem, aumenta a entrada de calçados asiáticos naquele País”, aponta. A Abicalçados se comprometeu a entregar para o governo federal um estudo demonstrando a queda nas exportações para a Argentina, material que será apresentado em reunião entre os dois países para debater o comércio bilateral. O encontro deve ocorrer ainda neste mês.

PIS/Cofins

No encontro também foi levantada a questão do Pis/Cofins. Segundo Klein, a atual sistemática de tributação sobre valor agregado representa um aumento do imposto para indústria. O pleito, que já conta com apoio no Ministério da Fazenda, que recentemente se comprometeu a estudar mudança na legislação do PIS/Cofins, ganhou eco junto aos representantes do MDIC.

Fonte: Abicalçados


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