2 de out. de 2013

Lanxess posterga conclusão da troca de tecnologia em Triunfo

O grupo alemão de especialidades químicas Lanxess irá adiar o término da mudança tecnológica da produção de borracha de estireno butadieno em emulsão (E-SBR) para borracha de estireno butadieno em solução (S-SBR) na sua planta situada em Triunfo. Inicialmente, a expectativa era da conversão (orçada em € 80 milhões) ser concluída até o final de 2014. Agora, a perspectiva é para 2016.
 

O presidente da companhia no Brasil, Marcelo Lacerda, explica que a decisão se deve a uma adaptação ao cenário do mercado. Em 2016, por exemplo, o País deve adotar a etiquetagem dos pneus, demonstrando a eficiência desses produtos (algo semelhante ao que acontece hoje com alguns selos de eletrodomésticos).

Como a Lanxess produzirá S-SBR, material usado na fabricação dos chamados pneus verdes, a iniciativa beneficiará a companhia. Os pneus verdes têm menor resistência ao rolamento, diminuindo o consumo de combustível e, por consequência, baixando a emissão de CO2 dos veículos, justificando o apelido. Lacerda admite que, anteriormente, a estimativa era de que a etiquetagem no País vigorasse ainda em 2014.

Outro ponto que afeta o segmento de atuação da Lanxess no Brasil é a concorrência com os artigos importados. Lacerda destaca que apenas o setor de eletroeletrônicos apresenta um déficit na balança comercial maior do que o dos produtos químicos.

Conforme o executivo, nos últimos 12 meses, esse déficit do segmento químico já representa algo em torno de US$ 35 bilhões. O diretor de mar-keting para a América Latina da unidade de negócios PBR da Lanxess, Humberto Lovisi, argumenta que excedentes de produção de outras nações estão focando o Brasil como destino.

Essa conjunção de fatores fará também com que a Lanxess determine o que os dirigentes estão divulgando como “hibernação” da unidade gaúcha. Não se trata de uma interrupção de produção, mas de uma diminuição de ritmo de fabricação de E-SBR (material também utilizado em pneus, mas sem o valor agregado do S-SBR).

Os executivos preferem não comentar percentuais de redução ou capacidade total da unidade. No entanto, fontes do mercado apontam que a capacidade atual é de cerca de 110 mil toneladas métricas por ano. Lacerda e Lovisi garantem que, mesmo com a diminuição, a planta de Triunfo, somada à de Duque de Caxias (RJ), tem condições de atender à demanda doméstica e até mesmo exportar E-SBR.

O complexo fluminense não enfrentará o processo de hibernação. Lacerda explica que essa opção deve-se a várias características, como tamanho da estrutura e contrato de fornecimento de matéria-prima, entre outras. A fábrica de Cabo de Santo Agostinho (PE), focada em borrachas de polibutadieno (Nd-PBR e Li-BR) e S-SBR, também conseguirá suprir a demanda nacional e os consumidores externos.

A desaceleração não é uma medida que será tomada apenas nas operações da Lanxess no Brasil. Recentemente, a empresa comentou que as atividades de borracha sintética, em especial, estão enfrentando um desaquecimento temporário da demanda, aumento da concorrência no mercado e volatilidade nos preços das matérias-primas. “Em virtude da situação atual, devemos agir agora”, afirmou o presidente do conselho de administração da Lanxess, Axel C. Heitmann.

Nesse sentido, o grupo implementou o programa Advance para cortar custos e o número de funcionários, bem como otimizar seu portfólio. Como parte da iniciativa, a companhia tem como objetivo alcançar cerca de € 100 milhões em economias anuais a partir de 2015.

Isso resultará em uma redução de pessoal de cerca de mil funcionários em todo o mundo até o final daquele ano. Em Triunfo, 19 colaboradores, dos 104 da unidade, deverão ser impactados, seja por transferência, demissão ou outra ação para combater os gastos.

Fonte: Revista Expansão


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