1 de jun. de 2012

A história dos tênis: Puma

Tudo começou em 1948 na pequena cidade alemã de Herzogenaurach, encravada no coração da Francônia, depois que Rudolf Dassler brigou com seu irmão, Adi, que pouco depois fundaria a Adidas, e resolveu encerrar a sociedade em uma pequena fábrica de calçados esportivos e fundar no dia 1 de outubro a Puma Schuhfabrik Rudolf Dassler (Rudolf Dassler Shoe Factory), uma empresa para produção de artigos esportivos, então com apenas 30 funcionários. 

Puma Schuhfabrik Rudolf Dassler

A recém-criada marca lançou no mercado a chuteira Atom, iniciando assim um relacionamento duradouro com o futebol. Dois anos mais tarde a Puma já exportava seus produtos para os Estados Unidos. Na década de 50 a marca conseguiu enormes feitos como em 1952, quando o atleta Joseph Barthel de Luxemburgo ganhou a primeira medalha olímpica em Helsinki vestindo equipamento Puma; e dois anos depois, em Yokohama no Japão, quando Heinz Fütterer estabeleceu novo recorde mundial para o 100 metros utilizando tênis da marca alemã. Estes feitos consolidaram a marca Puma no segmento do atletismo. Em 1958, mesmo ano em que surgiram as tradicionais listras em forma de onda, Abundantemente utilizadas em suas chuteiras e calçados, e que se tornariam um dos símbolos da Puma, as seleções de Brasil e Suécia vestiam a marca na disputa da Copa do Mundo. Era a prova do sucesso. No ano seguinte a empresa passou a se chamar oficialmente Puma-Sportschuhfabriken Rudolf Dassler KG.

Puma Atom

Puma Super Atom Brasil

Logo em 1958

Na década de 60 tornou-se a primeira marca esportiva a utilizar a técnica de produção de vulcanização. Isto resultou em um novo processo para fabricar chuteiras, o qual unia o solado às travas de uma maneira mais eficiente e durável. O processo tornou o produto tão bom que quase 80% das outras fábricas adotaram o processo criado pela empresa. Em 1962 a Puma já exportava seus produtos para cerca de 100 países em todos os continentes. As chuteiras da marca conseguiram grande reconhecimento durante a Copa do Mundo de 1962, no Chile, e 1970, no México, quando o Brasil foi campeão. Pelé foi eleito melhor jogador da competição e usava chuteiras da marca alemã para fazer jogadas e gols que encantaram o mundo. Em 1974 com a morte de Rudi seus filhos, Armin e Gerd, assumiram o comando da empresa.

Pelé com chuteira Puma


 1968 - Lançamento do tênis Puma Suede, que possuía cabedal de camurça (“suede” em inglês) azul marinho, “formstripe” (a famosa onda símbolo da marca), sola e entressola brancos. Eles seriam imortalizados nos Jogos Olímpicos do México ao acompanhar Tommie Smith e John Carlos (atletas patrocinados pela marca) no exato momento que fizeram o gesto “Black Power”, um protesto contra a segregação racial nos Estados Unidos naquela época, enquanto ouviam o hino nacional americano no pódio (os atletas estavam descalços e deixaram seus tênis no degrau do pódio).

Outro feito de grande reconhecimento para a marca aconteceu em 1976 quando o tenista argentino Guillermo Villas conquistou os torneios US Open e Rolland Garros vestindo tênis Puma. Ou ainda quando em 1982, Diego Maradona, disputou sua primeira Copa do Mundo utilizando chuteiras da marca, especialmente desenhadas para ele. Isto sem falar, que três anos depois, o tenista alemão Boris Becker venceu o torneio de Wimbledon usando uma raquete da marca Puma. Ainda neste ano ingressou na NBA tendo nomes como Isiah Thomas e Buck Williams como atletas patrocinados que endossavam seus produtos e arrastavam uma multidão de jovens para se tornarem fãs da marca.

Maradona usando Puma

Martina Navratilova e Boris Becker em anúncio da Puma nos anos 80

Apesar de tudo isso, no início dos anos 90, a marca Puma não possuía mais nenhuma relevância dentro ou fora da Alemanha. Encontrava-se à beira da falência e seus produtos eram vendidos em grandes liquidações de redes populares. “A marca está totalmente fora”. “Calçados e blusinhas estão sendo vendidas a preço de banana nas lojas”. “Puma novamente no vermelho”. “Três presidentes foram despachados em três anos”. “A concorrência americana ganha força e quer tirar a marca das prateleiras, inclusive na Alemanha”. Foram com estas frases que o jornal Die Zeit definiu situação em que a empresa se encontrava no final de 1992, quando atravessava sua pior crise. Até que em 1993, Jochen Zeitz, um jovem de 30 anos egresso da área de marketing, assumiu o comando da empresa. A marca alemã estava no vermelho havia sete anos. Naquele momento, as dívidas já somavam mais de US$ 100 milhões. O jovem executivo cortou despesas e pessoal, fechou fábricas na Alemanha, terceirizou a produção para empresas na Ásia, negociou com os credores e, já no ano seguinte, conseguiu trazer a empresa de volta ao lucro.

Jochen Zeitz

Em 1996, a Monarchy Regency, na época uma das maiores distribuidoras e produtoras de filmes de Hollywood, já havia comprado 12% da empresa alemã. A associação foi fundamental. Permitiu que a Puma conseguisse inserções de seus produtos em roteiros de filmes como “Uma Linda Mulher” e “JFK”, além de seriados americanos de sucesso como “Friends” e “Will and Grace”. 

1991: Lançamento da alta tecnologia Puma Disc, um inovador sistema que proporcionava um ajuste uniforme do tênis aos pés garantindo a fixação ideal para maior estabilidade e segurança. 

A resposta foi imediata. Em 1998 a Puma se uniu à americana LogoAthletic, uma fabricante de roupas de esporte e fornecedora de uniformes para a Liga Nacional de Futebol Americano (NFL). A partir deste momento, a Puma passou a fornecer uniformes não somente para nove times de basquete da liga profissional norte-americana (NBA), mas também para 13 equipes da NFL, tornando-se uma das quatro empresas que equipavam os times. Após arrumar as finanças, o executivo deu início a uma nova e decisiva etapa: reposicionamento da marca no mercado. Era o início do inédito “casamento” entre a moda e o esporte, criando uma imagem de grife de estilo de vida (lifestyle). Ele direcionou quase 70% dos lucros para as áreas de marketing, pesquisa e desenvolvimento. Com produtos de design mais arrojado em mãos, publicou anúncios em revistas de moda como a Vogue e firmou parceria com a estilista alemã Jil Sander e a supermodelo americana Christy Turlington, que lançou uma coleção de roupas para a prática de ioga com o seu nome.

1998: Puma Jil Sander

As vendas globais passaram a crescer a um ritmo de 30% ao ano. Em 1999 inaugurou sua primeira loja própria, com o objetivo de identificar e transmitir aos consumidores o universo Puma, na cidade de Santa Monica, estado da Califórnia. A Puma continuou crescendo, ampliando seu mercado, as áreas de atuação e inaugurando novas lojas próprias em cidades cosmopolitas e ricas culturalmente, como Londres, Roma, Tóquio, Milão, Boston, Frankfurt, Seattle e Melbourne. Novos contratos foram firmados com atletas, equipes de diversos esportes e escuderias para o fornecimento de trajes e equipamentos. Neste momento a Puma já se transformara em um ícone fashion, não só elevando seu faturamento, mas também fazendo de seu nome e imagem uma marca mundialmente conhecida. 

1999 - Puma Mostro: a fusão entre o tênis esportivo e a moda

O grande mérito de Jochen Zeitz foi disputar mercados nos quais nunca uma grife de equipamento esportivo havia competido, convocando estilistas de renome internacional para criar linhas premium e tornar as roupas esportivas usuais no dia a dia, associando a imagem da Puma com eventos badalados como a Fórmula 1, motociclismo, golfe e, por último, regatas náuticas como a Volvo Ocean Race, onde participação da Puma visa reforçar a expansão em novas categorias de produtos, no caso, materiais esportivos para iatistas, assim como reforçar o reconhecimento e visibilidade da marca em todo o mundo. Especialmente para a competição a empresa desenvolveu a Puma City, grande loja itinerante de três andares formada por 24 contêineres construído na China e montado pela primeira no porto de Alicante, na Espanha, em 2009. 

Puma City

Uma cena memorável que imortalizou a marca Puma ocorreu recentemente: o jamaicano Usain Bolt se agacha, olha pra frente concentrado na linha final e dispara ao som do tiro de largada. Nove segundos e 69 centésimos depois, o atleta abre os braços e se consagra como o homem mais rápido do mundo. Antes mesmo de comemorar, saca a bandeira da Jamaica e, como se estivesse segurando um troféu, carrega suas sapatilhas douradas (com o felino saltitante estampado), uma em cada mão, e as alça para o alto. A cena, acompanhada por 1.2 bilhões de pessoas em todo o mundo, aconteceu no dia 16 de agosto de 2008, durante os Jogos Olímpicos de Pequim, e ainda traz dividendos para a empresa, que ganhou tanto quanto Bolt - dono de três medalhas de ouro nos jogos. A Puma havia apostado no jovem atleta bem antes de ele ser conhecido. Agora, a marca alemã colhe os louros da ousadia de apostar em um atleta desconhecido e jovem.

Usain Bolt


Puma Irrigo


Puma Moto Diva


Chuteira Puma Firm Ground




Fontes:
Mundo das Marcas
Puma History



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