Faltando pouco mais de um mês para o Dia das Mães argentino, o entrave às exportações brasileiras para a Argentina preocupa o setor calçadista nacional. O dia 12 de outubro é a segunda data mais importante para o varejo de calçados no país vizinho e coincide com a abertura da coleção primavera/verão. “É crucial que os produtos estejam lá e tenham boa aceitação”, diz Heitor Klein, presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Enquanto o governo argentino não libera a entrada de calçados, cerca de 500 mil pares - ou R$ 9 milhões - seguem bloqueados.
Ainda que a crise atual seja menor que anteriores, ela se intensifica por somar-se à recente redução nas exportações do setor para a Argentina. No ano passado, o Brasil contribuiu com 44% dos pares embarcados para o país, enquanto a China exportou 56%. Em 2011, a participação brasileira era de 60%. O motivo é o preço do produto chinês, que, apesar de ter menor qualidade, é mais barato. As exportações brasileiras para a Argentina, envolvendo todos os setores, caíram mais de 20% em 2012 se comparado ao ano anterior.
O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, Mauro Laviola, diz que a relação entre os vizinhos já é conflituosa há tempos. Segundo ele, nos últimos três anos os argentinos intensificaram o protecionismo adotado na década anterior, por meio de uma série de mecanismos não admitidos no Mercosul. “O Mercosul é uma área de livre comércio que não tem nada de livre, exceto pelas tarifas de importação. A diplomacia insiste em dizer que o Mercosul caminha bem, mas não caminha”, afirma.
Laviola critica também a política do “uno por uno”. Adotada nos últimos anos pelo governo argentino para estimular a produção interna, pela medida, só se concede licença para importação a empresas que exportem valores equivalentes.
Desistência
Ainda que a crise atual seja menor que anteriores, ela se intensifica por somar-se à recente redução nas exportações do setor para a Argentina. No ano passado, o Brasil contribuiu com 44% dos pares embarcados para o país, enquanto a China exportou 56%. Em 2011, a participação brasileira era de 60%. O motivo é o preço do produto chinês, que, apesar de ter menor qualidade, é mais barato. As exportações brasileiras para a Argentina, envolvendo todos os setores, caíram mais de 20% em 2012 se comparado ao ano anterior.
O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, Mauro Laviola, diz que a relação entre os vizinhos já é conflituosa há tempos. Segundo ele, nos últimos três anos os argentinos intensificaram o protecionismo adotado na década anterior, por meio de uma série de mecanismos não admitidos no Mercosul. “O Mercosul é uma área de livre comércio que não tem nada de livre, exceto pelas tarifas de importação. A diplomacia insiste em dizer que o Mercosul caminha bem, mas não caminha”, afirma.
Laviola critica também a política do “uno por uno”. Adotada nos últimos anos pelo governo argentino para estimular a produção interna, pela medida, só se concede licença para importação a empresas que exportem valores equivalentes.
Desistência
Os diversos entraves a negociações tornam as exportações tão difíceis que muitas vezes acaba sendo mais seguro procurar outros mercados. “Nós observamos um movimento bem nítido de empresas que reduziram o volume de embarques para a Argentina, por receio”, afirma Klein.
Nos primeiros quatro meses deste ano, o setor calçadista registrou queda de 23% no número de pares embarcados para a Argentina. A Abicalçados realizou uma pesquisa que constatou que 39% das empresas exportadoras de calçados para o país desistiram da negociação pela imprevisibilidade na liberação das licenças, que podem demorar de três a 12 meses. A pesquisa ainda apurou que um terço desistiu do negócio por falta de condições de cumprimento das exigências argentinas. Entre os entrevistados, 45% afirmaram que o importador substituiu parte das importações por produção local e 29% trocou o produto brasileiro pelo asiático.
A Itapuã Calçados é uma das empresas que cessou as exportações para a Argentina. O gerente de exportações da empresa, Saulo Altoé, afirma que a razão foi o tempo de espera pela licença, que deixava as mercadorias paradas por um longo período. “Há empresas com calçados parados lá desde 2011”, afirma.
Ainda assim, o país é o segundo maior destino dos calçados brasileiros, atrás apenas dos Estados Unidos. “Como estes produtos entram na Argentina é um ponto de interrogação”, diz Altoé. Entre o setor, circulam relatos de pagamentos de propina para a liberação das mercadorias.
Também na lista dos principais produtos exportados do Brasil para a Argentina estão o café e os automóveis, mas ambos não sofrem com problemas nas negociações segundo entidades representativas dos dois setores.
Nos primeiros quatro meses deste ano, o setor calçadista registrou queda de 23% no número de pares embarcados para a Argentina. A Abicalçados realizou uma pesquisa que constatou que 39% das empresas exportadoras de calçados para o país desistiram da negociação pela imprevisibilidade na liberação das licenças, que podem demorar de três a 12 meses. A pesquisa ainda apurou que um terço desistiu do negócio por falta de condições de cumprimento das exigências argentinas. Entre os entrevistados, 45% afirmaram que o importador substituiu parte das importações por produção local e 29% trocou o produto brasileiro pelo asiático.
A Itapuã Calçados é uma das empresas que cessou as exportações para a Argentina. O gerente de exportações da empresa, Saulo Altoé, afirma que a razão foi o tempo de espera pela licença, que deixava as mercadorias paradas por um longo período. “Há empresas com calçados parados lá desde 2011”, afirma.
Ainda assim, o país é o segundo maior destino dos calçados brasileiros, atrás apenas dos Estados Unidos. “Como estes produtos entram na Argentina é um ponto de interrogação”, diz Altoé. Entre o setor, circulam relatos de pagamentos de propina para a liberação das mercadorias.
Também na lista dos principais produtos exportados do Brasil para a Argentina estão o café e os automóveis, mas ambos não sofrem com problemas nas negociações segundo entidades representativas dos dois setores.
Fonte: Terra
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