Mais uma indústria calçadista brasileira vai exportar sua produção, passando a atuar na América Central. A gaúcha Aniger fará um investimento inicial de US$ 6 milhões na Nicarágua, através de sua subsidiária Tecshoes, que atuará sob regime de zona franca, gerando 1,2 mil postos de trabalho naquele país, para produzir 10 mil pares de sapatos por dia. A informação é da PRONicaragua, Agência Nicaraguense de Promoção de Investimentos, instituição responsável por atrair investimentos estrangeiros do país. - Conforme comunicado, a Aniger produzirá sapatos femininos de couro para a marca inglesa Clarks, ocupando um espaço de 11 mil metros quadrados na cidade de Tipitapa, em Manágua. A companhia teria confirmado a intenção de investimento em agosto e deve iniciar suas operações em dezembro.
Fundada em 1991, a Aniger produz hoje 25 mil pares de sapatos por dia, com unidades em Campo Bom (RS) e Quixeramobim (CE). A empresa estaria investindo também em uma nova planta no Ceará, no município de Tauá. Segundo informe do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, o investimento seria de R$ 40 milhões. O prefeito de Tauá, Odilon Aguiar, diz não ter informações sobre o total de aportes, mas afirma que estão sendo construídos dois galpões de 10 mil metros quadrados cada, no valor de R$ 12 milhões, sendo R$ 6 milhões em verbas públicas.
De acordo com Aguiar, as obras devem ser entregues no segundo semestre de 2012, gerando mil empregos. Estariam previstos mais cinco galpões. Ao investir na América Central, a Aniger segue os passos de outras duas calçadistas: a Paquetá, que em 2010 passou a atuar na República Dominicana, e a Schmidt Irmãos Calçados, que no ano passado transferiu sua produção para a Nicarágua. Segundo a PRONicaragua, o investimento da empresa chega a US$ 25 milhões naquele país, com geração de 3,5 mil empregos e produção de 4,5 milhões de sapatos ao ano, todos exportados a Europa, EUA e Canadá.
De acordo com o jornal local El Nuevo Diario, os trabalhadores nicaraguenses da SCA Footwear Nicaragua, braço da Schmidt Irmãos no país, recebem US$ 140 por mês, ou R$ 252. O valor é bem abaixo dos R$ 660 que ganham em média os trabalhadores da indústria de calçados de Campo Bom, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados da cidade. Por enquanto, não há informações de demissões na Aniger, diz o vice-presidente do sindicato, Júlio César Luz. "A entidade não aceitará que empresas saiam do município para gerar empregos e riqueza em outro país", diz.
A analista do setor de calçados da consultoria Lafis, Hérida Tavares, explica que, além de salários mais baixos, os países centro americanos têm acordos comerciais com os Estados Unidos, principal parceiro para a exportação brasileira. Segundo ela, ainda não é possível saber se o Plano Brasil Maior conseguirá frear essa tendência de migração, porque grande parcela das indústrias calçadistas tem parte do seu processo produtivo terceirizado, não se beneficiando, portanto, da desoneração da folha de pagamento. "Se o câmbio continuar no patamar atual, a tendência é que as exportadoras continuem a migrar para outros países", diz.
Procurada, a Aniger não quis dar entrevista.
Fonte: DCI
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