23 de nov. de 2011

Números negativos preocupam setor calçadista

Quedas de 5.500 vagas na indústria nos últimos 12 meses, de 29,1% na balança comercial setorial no acumulado até outubro e de 10,7% na produção no acumulado de setembro. Estes foram os resultados preocupantes que o setor calçadista brasileiro registra às vésperas do final do ano. “São grandes os riscos para a nossa indústria”, aponta Milton Cardoso, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Ele avalia com preocupação o saldo negativo de 1.431 vagas apontadas pelo Caged/MTb apenas no mês de outubro. Conforme o levantamento, no mesmo mês de 2010 esse número ficou positivo em 1.993 postos de trabalho. O dirigente avalia que o acúmulo de excedentes de estoques de calçados nos principais mercados compradores e o contínuo aumento das importações – em grande parte devido à pratica da triangulação e de falsificação de certificados de origem – estão pressionado a produção de calçados no Brasil, que segundo o IBGE, caiu quase 11%. Cardoso lembra ainda que o mercado interno passa por um esfriamento no consumo. “O setor poderá registrar demissões ainda mais profundas que as de 2008, quando mais de 42 mil pessoas perderam seus empregos nas fábricas de calçados”, teme.

Balança comercial do setor ficou negativa em 29,1%

O saldo da balança comercial do setor, de janeiro a outubro deste ano, ficou negativo em 29,1%. Este resultado foi devido à redução de 13,6% no faturamento das exportações e ao aumento de 44,5% no valor pago pelas importações. “Estamos trabalhando com o Governo na investigação da prática de triangulação do Vietnã e Indonésia e nas partes e peças de calçados da China. Temos dados concretos de que vem acontecendo a entrada ilegal de calçados da China”, aponta o dirigente.

Exportações desaceleram


A indústria calçadista segue amargando queda nas exportações. De janeiro a outubro de 2011, o setor acumulou perdas de 24% no volume embarcado e de 13,6% no faturamento, na comparação com o mesmo período de 2010. Os fabricantes nacionais enviaram para o exterior 91,1 milhões de pares de calçados ante os 119,3 milhões embarcados em igual período do ano passado. A receita nos dez primeiros meses deste ano foi de US$ 1 bilhão contra US$ 1,2 bilhão comercializado de janeiro a outubro de 2010.

Importações crescem

Na contramão dos resultados das exportações, as importações mantêm o ritmo de crescimento. Nos primeiros dez meses deste ano, entraram no País 30,6 milhões de pares, que custaram US$ 378,9 milhões. O aumento registrado foi de 22% no volume de pares e 45% na receita. O Vietnã segue na dianteira das importações, com cifras de US$ 162 milhões, o equivalente a 9,2 milhões de pares. A Indonésia aparece em segundo lugar no ranking, com US$ 87,2 milhões, seguida da China, com US$ 61,6 milhões. Origens “estranhas’’ como EUA, Paraguai, Taiwan e Hong Kong agora passaram a compor os novos fabricantes de calçados que enviam produtos ao Brasil, seja para fugir à tarifa antidumping, seja para burlar o próprio imposto de importação. “Também neste assunto trabalharemos com o governo, pautando-nos pela recente Portaria 39 editada pela SECEX’’, aponta Cardoso. Produção tem queda de 10,7% De janeiro a setembro deste ano, a produção industrial apresentou retração de 10,7% em comparação a igual período do ano passado, conforme dados do IBGE. Em relação a setembro do ano passado, o índice registrado é de -13,1%. O presidente da Abicalçados avalia que são dez meses consecutivos de queda na produção industrial, “o que é um sinal antecedente importante quanto ao futuro do emprego’’.

Estados reduzem embarques

O Rio Grande do Sul liderou o índice de queda no faturamento de exportação. De janeiro a outubro de 2011, o Estado exportou US$ 487,4 milhões, o equivalente a 19,2 milhões de pares. A redução foi de 20% no volume monetário e de 25% nos volume de pares. O Ceará, por sua vez, enviou para o exterior 35,4 milhões de pares, uma redução de 34% ante o mesmo período de 2010. Os embarques das indústrias cearenses renderam cifras de US$ 286,4 milhões, diminuição de 13% na comparação com o ano passado. 
 
 
Elizabeth Renz
ASCom Abicalçados


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