17 de mai. de 2012

Retaliação brasileira

Em audiência com lideranças dos setores coureiro-calçadista e moveleiro, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, anunciou que o Brasil está, desde terça-feira, “jogando duro” com a Argentina. Na reunião com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e com os ministros argentinos de Comércio Interior, Guillermo Moreno, e Relações Exteriores, Héctor Timerman, as conversas foram “duras”. Como o dia 15 de maio de 2012 foi o prazo para as relações comerciais entre os dois países se normalizarem, o Brasil irá cortar ainda mais o número de produtos que tem licença automática. Atualmente, 70% do que é exportado pela Argentina tem que passar pela alfândega e pode ficar esperando até 60 dias para obter licenciamento e esse número pode chegar a 100%. Pimentel também afirmou que está marcada uma reunião técnica entre os dois países para o dia 12 de junho e que, a partir dessa data, o Brasil poderá retaliar.

Alívio para os calçados

O anúncio do ministro foi ouvido com alívio pelo setor coureiro-calçadista. Isso porque cerca de 20% da produção de calçados é exportada e o segundo principal destino é a Argentina, com 9 milhões de pares por ano. Segundo Heitor Klein, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, Abicalçados, as barreiras do país vizinho soam como traição. “Temos um conflito que é contra o entendimento que tínhamos com Buenos Aires. São barreiras bem fortes”, disse.

Opinião dos deputados

O deputado Renato Molling (PP-RS), coordenador da bancada gaúcha, que organizou a reunião, se disse satisfeito, mas está cada vez mais descrente no Mercosul. “As exigências agora serão maiores. Até porque tem muito empresário no sufoco, dependendo do mercado argentino. Isso mostra que o Mercosul está patinando. As relações, sempre difíceis, pioraram”. De acordo com Alceu Moreira (PMDB-RS), areação foi tardia. “Esse extremo protecionismo agora ficou insuportável. Essa posição brasileira foi tomada tardiamente”. Jerônimo Goergen (PP-RS), que queria fazer uma CPI do Mercosul, já pensa em desistir da ideia. “Se isso se consolidar, já atingi o meu objetivo e não precisará mais de CPI”.

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